27 fevereiro 2013

Como impactar a irmandade blogosférica - Post que remete para blogger fofinho

Enquanto vagueio sem rumo pelo bosque de acácias frondosas e procuro um lugar que me abrigue da chuva miudinha que teima em cair e me permita ler em paz o Principezinho que trago debaixo do braço, é um  livro fantástico e intrigante, uma hino à amizade nas suas várias cambiantes, penso em qual terá sido o melhor tempo tempo da minha vida, se aquele da infância, o tempo das férias grandes e das braçadas na água fria na ribeira que passava por debaixo das velhas carvalhas, o tempo em que a minha mãe sorria embevecida enquanto me olhava de longe, só para se certificar que tudo estava bem, às vezes deixava-me scones acabados de fazer e eu, tão distraído, a ler o Principezinho, já nessa altura lia muito o Principezinho, só mais tarde é que mudei para o Ulysses, nem notava, tão leves eram os seus passos, sentia ao longe o meu velho cão Poppy, um São Bernardo que recolhi à beira da estrada, tinha sido abandonado e atropelado por um camião TIR de dezessesis rodados, carregado de aço inoxidável, ele ali com os olhitos a pedir-me ajuda e eu, desmontando da minha bicicleta, aconcheguei-o e dei-lhe de comer, penso se o melhor tempo da minha vida terá sido esse, ou, por outro lado, se este tempo de agora, em que troquei os calções axadrezados por um blaser de bombazina com cotoveleiras em tons pastel, em que dirijo o clube de leitura da Universidade Sénior da pequena vila onde vivo, em que, rodeado pelos meus cães, um cocker spaniel que recolhi do canil, não resisti àqueles olhitos meigos que me pediam, num murmúrio, para o tirar dali, chama-se Puppy e é velho amigo do meu outro cão, o velho Pippy, um dálmata brincalhão que pertenceu a um gangue da Brandoa e era espancado por não conseguir assustar as pessoas, em que, dizia eu, serão melhores estes dias tranquilos, bebendo o meu chá na esplanada com vista para o rio largo, cumprimentando a Dona Jacinta, uma senhora de idade que mora numa velha mansarda num quarto andar sem elevador, costumo levar-lhe a garrafa de leite fresco pela manhã e o jornal, o Diário de Notícias, depois preparo-me para mais um dia na cidade áspera e pouco amiga, as chaminés deita fumo negro e as pessoas movem-se como autómatos, só eu sorrio, cumprimentando aqui e ali, às vezes olho para trás de repente e vejo que as pessoas também sorriem com o meu sorriso, um sorriso a medo, é certo, mas ainda assim um sorriso, e eu sigo o meu caminho na cidade fria e tonitruante, sorrindo sempre e levando um raio de luz a todos com quem me cruzo.

15 comentários:

  1. Se calhar é porque sou mais uma estudante sem sal e fabricada pelo ensino, mas este texto pareceu-me muito Cesário Verde e Alberto Caeiro ...
    Gosto muito dos textos que escreves. Acho que és um dos poucos bloggers que escrevem sempre algo bonito e intrigante (e isto não é obrigatoriamente um oxímero) de se ler
    Quando não tiveres muitas expectativas podes dar uma vista de olhos: www.umlanchecomchaepalavras.blogspot.com

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  2. Anónimo27.2.13

    Confesso que foi o seu primeiro post que, a partir do meio, li saltando várias linhas. Fiquei em lágrimas sim, mas de tédio.
    Isto não é fofinho, é enfadante.
    Caro Pipoco, o seu blog é francamente bom, não o estrague tentando aproximá-lo a outros, só para mostrar que o sabe fazer. Cada macaco no seu galho, cada um com a sua identidade.
    L.

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    1. Faç minhas as palavras do anónimo. Ai que enjoativo. Nauseante. Saiu-lhe mal este "fofismo"forçado, Pipoco.
      Marta

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  3. Lá sensibilidade tem... Bom senso, já nã direi. Está um bocado estranho, este texto, que penso ser o primriro de muitos da futura biblia bligisférica, com todos es ensinamentos de Pipoco.Gostei muito do Poppy , nome fixe para um S. Bernardo atropelado, e do Pippy também branduíno de gema....

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  4. O Principezinho debaixo do braço é um golpe baixo...

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  5. Anónimo27.2.13

    Se acha impactante esta colectânea de clichês, OK! Leve a bicicleta...

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  6. Gostei da parte do Principezinho.

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  7. Anónimo28.2.13

    Li hoje, pela primeira vez, o seu blog. Confesso que sempre que o motor de busca me "devolve" um blog não costumo passar da página inicial, mas hoje isso não aconteceu. Fui andando de página em página e alguns dos seus textos puseram um sorriso genuíno no meu rosto. Gostei particularmente da subtil ironia e sentido de humor de alguns textos. Obrigada por este bocadinho!

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  8. Bom dia caríssimo Pipoco. Há já algum tempo que me deleito com as suas dissertações blogosféricas, a troco de tudo e de nada, apreciando o seu sarcasmo e inegável bom gosto. Contudo, nenhum post dos muitos que li me deu vontade de comentar até ao momento em que o li a falar sobre o Pricipezinho....Homem que tenha lido o Principezinho ( e percebido a profundidade despretenciosa do mesmo) e o assuma do alto do seu 1,90 de inteligência, arrisca-se a ser " a minha pessoa"...
    “Não estejas com delongas, é irritante. Decidiste partir. Vai-te embora.”

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  9. Maria28.2.13

    Que comentários são estes? Tão a gozar nao é? Só pode....ou então são burras mesmo..:/

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  10. Que bonito... Tio Pipoco e a sua matilha. :)

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  11. Anónimo28.2.13

    Será que não perceberam nada?

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  12. Pipoco dá mais uma chapada no rabo dos seus leitores e estes sorriem-lhe "amo-vos tanto Pipoco!". Pipoco sorri de volta.

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    1. Caramba, Zé, não é assim que se passam as coisas. Eu não sorri de volta...

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  13. Mas ainda há quem acredite que isto foi uma tentativa séria de "afofinhar" a coisa? Ou anda tudo a dormir, ou o Pipoco tem leitores ainda melhores na arte do sarcasmo e da ironia do que ele.

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