07 setembro 2012

Sobre aquilo da Clara Ferreira Alves, que as mulheres são umas tontas e não sei quê

Andava a blogosfera, principamente a que tem maior desvio relativamente ao peso apropriado à altura, a bater na Margarida Rebelo Pinto e estava eu , e só eu, a ler o que escreveu a Clara Ferreira Alves. E escrevia a Clara em título, dirigindo-se a mim, isto acredito eu, "Tu queres é uma palmadas", lá está, mais um artigo a desancar na pobrezinha da velhota que escreveu aquilo do Grey e dizia a Clara que "Meio mundo (incuindo eu (e este "eu" é ela, a Clara, sempre gostei de parêntesis dentro de parêntesis)) escreveu a dar cabo de E.L.James...", acho isto delicioso, a Clara começa por desdenhar a temática mas, e isto é notável, ao mesmo tempo lamenta "Só posso dizer que tenho pena de nunca me ter ocorrido escrever coisas destas em vez de labutar em textos que nunca mencionam a palavra vagina". Traduzindo, a boa da Clara desejava o filet mignon da coisa, o sucesso e os dólares, mas sem o dirty job, cuidava a Clara que podia escrever sobre coisas sérias e de bom tom e ter três best-seller de rajada. E continua a Clara a malhar no tema, invocando a favor do que articula que o livro é o favorito da Victoria Beckham, piscando-nos o olho, uma espécie de "if you know what I mean", um corolário só ao alcance de quem domina todo o processo e sabe estabelecer uma causa efeito entre livro favorito da Beckham e má literatura.

Mas afinal, e para acabar, que se me está a acabar a bateria e já chamaram para a porta de embarque, o que a Clara quer mesmo é dar uma palmadas nas mulheres que compram livros, invocando que a lista do top 10 do "NY Times", sim que a Clara não quer saber da lista da Bertrand, está cheia de autoras mulheres e todas elas escrevem tão mal como a do Grey e quem lê são mulheres e por isso as mulheres são culpadas deste estado de coisas porque são umas tontas que compram livros de palmadas e dá-se o caso de quem dá as palmadas são os homens e isso é um sinal da subjugação e eu, que não percebo nada de mulheres e dá-se o caso de cada vez perceber menos, acho que é por causa das Claras Ferreira Alves deste mundo que as mulheres, apesar de sorrirem muito umas para as outras e irem aos pares à casa de banho, nunca serão solidárias.

34 comentários:

  1. Delicioso Pipoco! Bravo!

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  2. Eu fico "verde" quando dizem que as mulheres não são solidárias! Não são as que não são e são as que são... assim como os homens, porque em verdade lhe digo tio pipoco, eu que me movo entre muitos homens a trabalhar juntos, são ainda mais cuscas e tão sacanas uns com uns outros! Muito gente do mesmop sexo na mesma área dá em muita competição desleal!

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    1. Ana, foquemo-nos no essencial e não apenas na última linha do que escrevi. Basicamente a mensagem é:

      i) Clara Ferreira Alves não gosta de quem escreve literatura porno-light mas lamenta ela que ela própria não tenha enveredado por esse estilo, calculo que pelas vantagens económicas de curto prazo.

      ii) Clara Ferreira Alves insurge-se contra as suas iguais, lamentando que leiam em massa maus livros, em que o denominador comum é terem um homem a dizer como são as coisas.

      O corolário da coisa é apenas um fait-divers, nem sei porque o deixei ali no fim do post...

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    2. Oh tio pipoco, perdoe-me, tem razão! Mas o essencial é tão verdade, que nem me merece comentário, de tão bem escrito que foi...

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    3. Ana está perdoada, temos que ser uns para os outros...

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  3. Anónimo7.9.12

    E os homens são, queres ver? Ah, pois claro que são - na partilha das facas nas costas uns dos outros.

    Chiça, Pipoco, fazia-o mais conhecedor da natureza feminina, que não é inteiramente esta que aqui retrata.

    Você é um excelente teaser, é o que é. É a forma preferida de sobreviver. Dos homens. Mas também a mais fácil.

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    1. Anónimo, foquemo-nos no essencial e não apenas na última linha do que escrevi. Basicamente a mensagem é:

      i) Clara Ferreira Alves não gosta de quem escreve literatura porno-light mas lamenta ela que ela própria não tenha enveredado por esse estilo, calculo que pelas vantagens económicas de curto prazo.

      ii) Clara Ferreira Alves insurge-se contra as suas iguais, lamentando que leiam em massa maus livros, em que o denominador comum é terem um homem a dizer como são as coisas.

      O corolário da coisa é apenas um fait-divers, nem sei porque o deixei ali no fim do post...

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    2. Anónimo7.9.12

      Só me ocorre o cliché "engana-me que eu gosto" :), sei, um cliché, mas os clichés servem para isto mesmo - para acabar uma conversa que não levará a parte alguma. Mas é assim mesmo que gosto de si, em teaser mode. Sou mulher. E embarco na aventura. :)

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  4. Se há coisa que as mulheres são, é solidárias. Basta ler o seu polémico post abaixo e respectivos comentários.
    Agora falando de concorrência (tendo em conta(que a dita senhora (é escritora)))*, aí é outra história, mas é geral.

    *sinto muito mas não resisti, achei piada, fez-me lembrar a escola e as equações intermináveis de matemática (e do excel também)!

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    1. Bé, foquemo-nos no essencial e não apenas na última linha do que escrevi. Basicamente a mensagem é:

      i) Clara Ferreira Alves não gosta de quem escreve literatura porno-light mas lamenta ela que ela própria não tenha enveredado por esse estilo, calculo que pelas vantagens económicas de curto prazo.

      ii) Clara Ferreira Alves insurge-se contra as suas iguais, lamentando que leiam em massa maus livros, em que o denominador comum é terem um homem a dizer como são as coisas.

      O corolário da coisa é apenas um fait-divers, nem sei porque o deixei ali no fim do post...

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    2. Um fait-divers? Pois que para mim (e parece que não só) me pareceu mais o ponto essencial da questão.
      Olhando para o seu raciocínio o problema dela então é mesmo o homem...ou a falta dele:)

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  5. Anónimo7.9.12

    ahahahahahah... um desabafo tão longo, tão assertivo, e o que toca mesmo, tio Pipoco, é que teve a lata e o desplante de dizer que nós não somos solidárias. bravo!

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    1. Anónimo, foquemo-nos no essencial e não apenas na última linha do que escrevi. Basicamente a mensagem é:

      i) Clara Ferreira Alves não gosta de quem escreve literatura porno-light mas lamenta ela que ela própria não tenha enveredado por esse estilo, calculo que pelas vantagens económicas de curto prazo.

      ii) Clara Ferreira Alves insurge-se contra as suas iguais, lamentando que leiam em massa maus livros, em que o denominador comum é terem um homem a dizer como são as coisas.

      O corolário da coisa é apenas um fait-divers, nem sei porque o deixei ali no fim do post...

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    2. Anónimo7.9.12

      Mas era exactamente a isso que me referia ;) o fait-divers tornou-se mais importante que o resto, o que tem graça de ver, tio Pipoco, muita graça. é que nós mulheres gostamos que nos digam que somos cabras, sim senhora que até somos, mas lá agora isso de que não somos solidárias?! logo nós que nos preocupamos imediatamente em alertar uma amiga para os seus quilos a mais? isso é que não pode ser, tio Pipoco, não pode.

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  6. Solidário, em Portugal, por norma é uma palavra que só tem validadade evidente nos sacos cheios pelo Banco Alimentar, em doações de medula solicitadas para ajudar crianças desvalidas e numa ou outra campanha em que a causa é um libertador de consciência para quem contribui.

    Fora isso, vive por aí um imenso cliché de solidariedade que é só fachada.

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    1. Meu caro Mak, alguma dia discordaríamos. Eu acho que, genericamente, somos solidários e com tendência de alta.

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    2. Discordar é bom, faz com que não exista apenas um restaurante com uma fila infinita de gente e todos os outros fiquem vazios.

      Eu sou um "positivista" extremamente sarcástico, acredito que as pessoas se unem pelas grandes causas mas, muitas vezes, se esquecem dos valores nas coisas que lhes são mais próximas.

      Daí a minha desconfiança em relação aos valores como "solidariedade", "integridade", "franqueza" e por aí em diante.

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  7. Anónimo7.9.12

    Pipoco, essa repetição da resposta aos comentários é chata e despropositada.... é quase tão chata como o próprio post....

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  8. Somos solidárias, somos! Com uma amiga (a única que temos a certeza que é mesmo amiga) e com alguns grupos abstractos de mulheres que vemos nas notícias (as mutiladas genitalmente, as violadas nos seus direitos de expressão, as oprimidas pela guerra, pela religião, pela fome, etc. (e mesmo com estas é uma solidariedadezinha que se fica, na maior parte das vezes, pela indignação verbal de 5 min à frente da televisão)). De resto, não me atirem areia para os olhos, por favor...

    Tio Pipoco,poupo-lhe o trabalho:

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    Pipoco Mais Salgado 7.9.12
    "Flausina, foquemo-nos no essencial e não apenas na última linha do que escrevi. Basicamente a mensagem é:

    i) Clara Ferreira Alves não gosta de quem escreve literatura porno-light mas lamenta ela que ela própria não tenha enveredado por esse estilo, calculo que pelas vantagens económicas de curto prazo.

    ii) Clara Ferreira Alves insurge-se contra as suas iguais, lamentando que leiam em massa maus livros, em que o denominador comum é terem um homem a dizer como são as coisas.

    O corolário da coisa é apenas um fait-divers, nem sei porque o deixei ali no fim do post..."

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    1. Maria Flausina foquemo-nos no essencial em relação à última linha que o tio pipoco escreveu e à minha resposta... fala especificamente nas mulheres, quando é algo comum a homens e mulheres...

      MAK, de acordo, mas não me parece que seja algo que se veja só em Portugal, mas no mundo em geral... as gerações actuais nos países desenvolvidos são gerações de pessoas egocêntricas, apenas centradas nelas próprias, no "self" no seu conforto e estética. Ainda ontem falava com um sociólogo sobre isto mesmo.

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    2. Ana, escapou-me esse pormenor, tem toda a razão.

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    3. Sim Ana, acredito que seja um comportamento global, a tendência para uma existência voltada para "fora" e não para a reflexão sobre o próprio comportamento arrasta nesse sentido, daí eu dizer que as pessoas mais facilmente ajudam numa situação em que isso as favorece socialmente ou reforça o descargo de consciência do que em situações em que isso obrigue a um esforço ou uma dedicação sem retribuição.

      Felizmente, ainda existem excepções e isto não é linear, mas é uma tendência...

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  9. Se pensa que foi "touché", olhe que não... :)

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  10. Caro Pipoco,
    Há muito tempo que não me ria assim. Ainda estou para aqui a rir à gargalhada, pela sua repetição aos comentários.
    Quanto ao post, nada a dizer, está óptimo. O seu tom de provocação continua a estar em alta.
    Bem, e com esta me vou, de mansinho, senão ainda levo com aquela coisa do "foquemo-nos no essencial" e agora não me apetece mesmo nada. É vespera de fim-de-semana e faz muito calor, é o que é.

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    1. Maria Madeira, foquemo-nos no essencial, não sou especial apreciador da Clara Ferreira Alves.

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  11. Caro Pipoco, gostei muito de ler sobre o foco principal da questão, aquele relativamente ao título. Acho que aborda uma questão muito interessante dos dias de hoje. É que cada vez mais, a qualidade vende menos do que a falta dela. No fundo vem um bocadinho ao encontro daquela história do cócó, dos queixos e afins, you know what I mean? (só um inglês diz disto como deve ser, mas como é escrito, passa). Dizia eu, que aquele fenómeno é cada vez mais notório. É a filosofia BigBrother: paga-se bem porque vende. Mas isto daria pano para muita coisa.
    Por fim só queria dizer que o post é bom sim senhor, mas caro Pipoco, o tiro foi na água. Assim não vai longe, porque caso não tenha percebido com as estatísticas dos comentários, o que lhe iria render era se o título fosse: As mulheres nunca serão solidárias. Mas pronto, quis que fosse apenas um fait-divers... Quem sou eu...

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  12. Anónimo7.9.12

    Isto não era um blog snob-chic ?? Estou a ficar profundamente entediada, maçada..... Há quanto tempo não nos fala das coisas boas da vida?? (viagens soberbas, comidas soberbas, lugares soberbos e pessoas soberbas) ???

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  13. Anónimo7.9.12

    É certo e sabido que o desenvolvimento emocional nem sempre corre em paralelo com o desenvolvimento intelectual, o que conduz a que gente inteligente, por vezes, tenha dificuldade em ver os gradientes de cinzento que o mundo comporta e não consiga compreender que as coisas nem sempre são como são, e que há mulheres que gostam de "palmadas" e ainda assim não abdicam da sua autodeterminação. É certo e sabido que as mulheres são muitas vezes pouco solidárias (era para escrever cabras, mas pareceu-me que não ficaria bem num blog snob-chique) umas para com as outras. Mas numa coisa a Clara Ferreira Alves tem toda a razão. Um dia destes apanhei o famigerado livro numa loja e resolvi folheá-lo. Li duas páginas e senti-me transportada para a minha pré-adolescência, e para a leitura das Sabrinas que as minhas primas mais velhas me emprestavam em segredo. (As Sabrinas, eram as Corin Tellado dos anos 80, sem dúvida que as "Sombras" são as Sabrinas do século XXI) Não fosse alguém do sexo masculino ter-me dado uma palmada nas mãos e arrastado por um braço dali, e eu, num estado de total letargia provocado pela nostalgia teria trazido o livro para casa. Ah! As palmadas e a sua função no equilíbrio do mundo...
    sc

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  14. Toda a gente sabe que produzir best sellers e fazer literatura não é exatamente a mesma coisa. E também não é propriamente novidade que os livros que agradam a um maior número de pessoas, mulheres ou homens, raramente são os que mais fascinam os críticos literários. Quanto à Clara, de quem eu até gosto, diria que uma crónica é só uma crónica ;)

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  15. Caro Pipoco antes de mais, a exclusividade da leitura do texto da CFA nao lhe pertence :). A grande questão é saber porque raio alguem lê a imbecilidade das sombras, seja gaja, gajo, ou indeciso! 2 pags apenas e assacam-se as duvidas.

    Nem mais nem menos. E, eu, gaja, jamais serei solidaria com quem pessoas que sejam identificadas com tal coisa auto chamada livro. Podem estar a ter um ataque de comichão de percevejos que nao serei solidaria. Dommage.


    Ps. Subscrevo o post-com-comentarios-fechados-la-de-baixo. A criança, e as fuças, não tem culpa da necessidade da mãe mostrar à prima joaquina que bem sucedida é na vida nem da mãe catapultar a admiração bacoca das várias primas joaquinas para ganhar mais projecção e publicidade (mt mal disfarçada).

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  16. Anónimo9.9.12

    Pipoco: [(...)]!

    M

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  17. Anónimo21.9.12

    Esteve inspirado neste texto, caro Pipoco!

    Aquele abraço,

    Homem

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