02 agosto 2012

Ulysses vs Grey (II)

Do que tenho lido por essa blogosfera fora percebo que as pessoas só deram uma vista de olhos no Grey, na versão original, está claro, pois se a blogosfera só vê as versões originais, delira com a American Idol e boceja com os Ídolos, está claro que a blogosfera se imagina a folhear displicentemente num qualquer aeroporto o livro do Grey enquanto se exaspera com a vulgaridade dos escritos, chega à Portela e folheia a versão em Português e, lembrando-se das poucas páginas que leu no aeroporto de La Guardia, constata que a tradução é pobre, boceja de novo e devolve o livro ao escaparate e o livro lá fica abandonado, é por isso que o Grey está esgotado, é porque a blogosfera o deixa lá ficar.

Entretanto, no primeiro capítulo do Grey não há sexo, o que me desiludiu bastante, afinal a blogosfera dizia que aquilo era sexo da primeira á última página e afinal o primeiro capítulo é sobre um tipo arrogante que sabe o que faz e que sabe tirar o melhor das pessoas, sabe o que as motiva e sabe que alguma inteligência emocional faz as mulheres deixar cair coisas e ficar desajeitadas, é isso e abrir-lhes as portas com cavalheirismo e, lá está, com sentido de humor, o primeiro capítulo do Grey é igualzinho ao do primeiro capítulo do Ulysses, não há sexo mas percebe-se logo que temos ali dois gajos fodidos.

10 comentários:

  1. Bem, é livro muito badalado este verão, logo não o lerei este verão. Mas também, depois de já ter lido tanta literatura pornográfica e erótica, tenho as minhas sérias dúvidas que o objecto - o livro, esclareça-se, me intrigasse /excitasse / surpreendesse / outra coisa qualquer acabada em "-esse".

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  2. Anónimo2.8.12

    Quando, por toda a blogosfera, se "diminui" o best-seller do verão, chega Pipoco Mais Salgado, qual cavaleiro heróico, para defender a dama. Brevemente leremos que as coisas são como são e que estamos perante uma obra prima da literatura, a anos de luz do medio(cre) Sepuveda. Esta pseudo-diletante vontade de "ser do contra" cheira-me a adolescência serôdia. E isso, penso, fica pessimamente num snob-chique, tal como fica o uso da expressão "gajos fodidos". Lá está, adolescência serôdia. Gabriel Garcia Marques, que ainda há dias elogiou, e a quem não é conhecida qualquer vontade de ser snob-chique, ensiná-lo-á a usar com mestria essas expressões.

    Bem sei, longe de si a veleidade de se comparar a Gabriel Garcia Marques, ou a quem quer que seja.

    Marta

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  3. Anónimo2.8.12

    Sepulveda*

    Marta

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  4. Marta, excelente análise psicológica, nota-se o seu brilhantismo de análise naquilo da adolescêncis serôdia. Quanto ao resto, tem toda a razão no "gajos fodidos", fica ali mal, já quanto à sua previsão de num futuro próximo eu considerar que o tal livro do Grey é uma obra-prima é claramante um excesso de optimismo da sua parte. Acontece que me diverte desmontar as coisas e parece-me que muitos dos que dizem ter lido o livro (no original, claro está...) se baseiam no que ouviram dizer, o que é perigoso e pouco consistente. Normalmente não perco muito tempo com leituras que, estatisticamente, sei que não acrescentarão nada, mas também não comento sme ter lido (por exemplo, adivinho qua não gosto de Margarida Rebelo Pinto, nunca li, mas também nunca verá algo escrito por mim a zurzir na senhora). Já quanto a cinema a coisa é mais aleatória, tenho o péssimo hábito de ir ver o "próximo filme", o que já me trouxe alguns dissabores (ontem fui ver o Madagascar 3, por exemplo, nada snob-chic), mas já me trouxe surpresas de grandes filmes que perderia se fosse com planos concretos. E explico-lhe isto tudo porque alguém que gosta de Garcia Marquez e Sepulveda não pode ser má pessoa. (de resto, não perca de vista, nunca perca de vista, que isto é só um blog)

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  5. Anónimo2.8.12

    Pipoco,

    Gosto de si quando é irónico (naquilo do brilhantismo e da análise psicológica)

    Marta

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  6. (marta, a parte irónica era aquela de quem gosta de Gabriel GM e Sepulveda não poder ser má pessoa...)

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  7. Anónimo2.8.12

    Um snob-chique bem-humorado!

    Marta

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  8. Pipoco, sem querer analisá-lo diria que há uma não subtil comparação entre o personagem e a sua pessoa, numa espécie, mal disfarçada, de auto-elogio.

    (e fique a saber que ninguém voa para La Guardia)

    ((comprou mesmo o livro? surpresas, só surpresas...))

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  9. Adoro a interpretação que fazes sobre os dois livros lol (ou melhor, o que escreveste sobre eles). és muito bom.

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  10. Anónimo3.8.12

    Confesso que quanto mais oiço e leio sobre a escrita fast food das sombras de grey mais penso: e a antologia portuguesa satiro-erotica de natalia correia, anyone?!

    P.s: e como parece que isso vai dar filme, poupo pestanas até ver isso.

    Sophia

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