03 novembro 2010
Vidas
A verdade é que a vida sempre me foi fácil, bastou-me saber que o meu pai me segurava sempre quando me atirava ao ar e que a minha mãe aparecia sempre quando eu me inquietava, com essas duas certezas a vida tornou-se fácil, quando sabemos que há smepre quem nos agarre quando estamos no ar, aprendemos a sair da zona de conforto, aliás, acabamos por eliminar isso da zona que não é de conforto, depois as pessoas têm tendência a facilitar a vida aos que têm uma vida fácil, as pessoas tendem a facilitar a sua própria vida e é muito mais confortável facilitar pouco e sabe-se que os que precisam apenas de uma pequena ajuda, os da vida fácil como eu, dão menos trabalho, depois é só andar por aí, as coisas acabam por se dar, basta que me apeteça que elas de facto aconteçam, o problema é que nós, os da vida fácil, não escrevemos coisas elaboradas, daquelas com muitas mensagens subliminares, que as pessoas lêem e dizem que sim senhores, aqui temos uma alma sofrida e esse sofrimento é que dá densidade à escrita, nós, os da vida fácil temos aqui a vida complicada, escrevemos pior, mas, em verdade vos digo, se me dessem a escolher, eu acabava sempre por escolher isto de ter uma vida fácil.
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eu também escolheria ter isso da vida fácil, mas não me foi dada opção. mais fácil seria o meu pai nem repara que eu estava ali ao lado para me atirar ao ar e apanhar sem cair. em compensação sou uma das melhores escritoras da bloga do mundo [modéstia à parte]. coisas.
ResponderEliminarNem todos temos a hipótese de escolher. É a vida, apenas isso. CAbe a nós escolher vive-la da melhor maneira. Beijos
ResponderEliminarSempre gostei de quando o meu pai me atirava à água, mesmo no Inverno.
ResponderEliminarA única dificuldade era mesmo sair do saco...
A verdade é que a fórmula dos posts se repete ciclicamente.
ResponderEliminarEm verdade lhe digo, Pipoco, está a ficar aborrecido.
(Pelo meio diria qualquer coisa sobre isso da vida fácil e seu reflexo na escrita, mas não vale a pena...)
Gostava de poder ter escrito este post. Não na sua forma (que está muito bem escrito, que está), mas no seu conteudo. Gostava de sentir isso da vida facil e das certezas.
ResponderEliminarMas também acho que saber que os outros estão lá sempre no matter what, pode desresponsabilizar-nos um bocado e levar-nos a depender demasiado nos outros. Claramente isso não se passou consigo. E ainda bem.
Tanta preocupação com a escrita, se é ou boa ou não...
ResponderEliminarQue importância tem isso, pipoco?
Se a vida te foi fácil ainda bem, mas não sei se só quem a teve difícil consegue escrever coisas muito densas. A forma como sentimos a vida dá o mote e depois se houver por acréscimo alguma capacidade de traduzir o que se sente e o que se pensa em palavrinhas escritas, a coisa poderá dar-se, ou não.Sendo a coisa, neste caso, a tal profundidade literária.
Essa de escolher ter a vida fácil, então, dispensava-se. Mas há alguém que a queira difícil? Não estarás a confundir facilidade com vazio?