24 setembro 2010

Dos maus filmes

Não sei que coisa viral é esta que me atacou, desde há dois anos para cá que estou numa espécie de campeonato comigo próprio para bater o recorde de pior filme que vi na minha vida, sou assim uma espécie de Usain Bolt a ultrapassar os seus próprios limites, ele naquela mania das corridas, eu a ver filmes maus, até gostei do primeiro Wall Street, quase quis ser (e quase fui) um daqueles tipos de camisa às riscas e suspensórios que nunca dormiam, o dinheiro não dorme, e o Gekko, caramba, aquilo é que era um tipo mau à séria, os meus amigos preferiam o Rambo, eu gostava do Gekko, era um tipo mau com categoria, sempre fui menos óbvio que os meus amigos, era por isso que, não apalpando o rabo às miúdas nos intervalos das aulas eu acabava quase sempre, e como é doloroso ter que escrever "quase", por captar a atenção das miúdas, eu com o jornal Blitz debaixo do braço e a explicar-lhes os exercícios de matemática e de física conseguia melhores resultados que eles, que se tornaram especialistas em apalpar rabos nos intervalos das aulas, em verdade vos digo, este Wall Street que estreou hoje é mau do princípio ao fim, nem a legendagem se safa (e nem falo no critério largo da tradução), ide ver e depois dizei-me quais são os três erros ortográficos que aparecem na legendagem, três erros de bradar aos céus, um troca um "j" por um "g", outro coloca um acento circunflexo onde ele não deve estar e o terceiro troca um "s" por um "z", nem o Gekko de agora é coisa que se apresente, o de agora é um menino, só tem uma frase que se aproveita em todo o filme: "vamos fazer um acordo, você deixa de contar mentiras sobre mim e eu não conto a verdade sobre si".

8 comentários:

  1. A frase não só se aproveita, como é bestial.

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  2. Anónimo24.9.10

    No entanto, Michael Douglas merece enorme respeito pelo seu trabalho ao longo da sua carreira na 7ª arte; actor que passa por momentos difíceis nesta fase da sua vida devido a um cancro.

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  3. há de facto filmes que não têm razão de ser, não têm propósito e muitas sequelas acabam por arruinar uma personagem:

    qual o propósito do último Indiana Jones? Qual o propósito do Rocky5 e do 6? Qual o propósito do último filme X-Files? Só vieram desvalorizar o que anteriormente já havia sido feito.

    Mas exemplos como estes há aos pontapés...

    Aqueles Saw todos (já vai em quantos?), quando o único que escapa é apenas o 1º.

    Alguns dos filmes que viveram à expectatativa do 1º: O Padrinho II; Back to the Future II.

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  4. E eu que estava mortinha por ver o filme.

    Até perdi a vontade de lhe desejar um bom dia.

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  5. Anónimo24.9.10

    Acho que é um aproveitamento da frase "quanto mais mentirem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles"

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  6. Pensava escrever sobre Gordon Gekko um dia destes. Esperava ver o filme, ainda não vi.

    Achei curioso (e acertado) o que Michael Douglas disse numa entrevista acerca da personagem: que na altura em que fez o primeiro filme ficou muito preocupado com a quantidade de jovens a cheirar a leite, recém saídos da universidade e destinados a Wall Street, que lhe diziam que era o maior e que queriam ser como ele, quando Michael considerava a personagem que havia interpretado profundamente desprezível. No final Douglas disse que boa parte da razão da economia mundial estar como está (mas centrando-se no que se passou nos estados unidos) se simboliza em toda uma geração de jovens ter de alguma forma querido ser uma espécie de Gordon Gekko ou de este servir de uma espécie de "santinho" moralizador de uma conduta muitas vezes imoral, a fazer lembrar um autor cujo nome não me recordo que os empresários católicos descobriram (ou melhor inventaram) para viabilizar religiosamente a sua filha da putice nos negócios.

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  7. Sempre a dizer mal, sempre a dizer mal... Não leia as legendas.
    O Pipoco não percebe o Inglês? Ou será que o Pipoco percebe mas o seu dono não? Ou talvez o Pipoco tenha visto o filme e deixado o dono em casa, coisa muito errada já que é o próprio do dono que percebe o Inglês?

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  8. Frase filosófica de cariz emotivo, mas ainda assim plástica o suficiente para não comprometer o seu autor com uma posição que implique carácter.

    "Não existem maus filmes. Se o cinema fosse perfeito, não podia ter sido feito por pessoas..."

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