12 maio 2010

Boletim do Pipoco #9

Nós, os da tribo do avião da sete e dez, somos animais de hábitos. Os da companhia das impressoras escolhem os lugares da frente e trabalham arduamante durante toda a viagem, vão sentados lado a lado e parece-me sempre que acabam o trabalho mesmo em cima das reuniões, imagino-os a subir no elevador e a gravar o documento final.

Depois há os da companhia dos consultores, esses seguem sempre nos lugares traseiros, certamente recorda-lhes os tempos em que ali se podia fumar.

Eu escolho sempre o lugar seis A, está sempre vago quando faço o check-in electrónico, imagino que as os da tribo do avião das sete e dez dizem às suas secretárias "Maria Perpétua, o lugar seis A é do Doutor Pipoco de Mais e Salgado, reserve outro lugar, por favor", afinal sou dos da velha guarda, ainda há respeito, normalmente só em casos extremos ocupam os lugares seis B ou seis C, preocupam-se sempre em que eu tenha lugar para pendurar o casaco e não ser incomodado enquanto leio o El Pais ou o Le Monde.

Ontem, a regra tácita foi quebrada, tive companhia no lugar seis C, fardada a rigor, saia-casaco de executiva, óculos de massa preta Prada, Blackberry, provavelmente será de uma multinacional concorrente da minha, o estilo não engana. Parecia-me boa companhia até ao momento em que se recostou e tirou um livro da mala. Paulo Coelho. Fechei os olhos e fingi dormir até ao fim da viagem.

13 comentários:

  1. LOOOOOOOOOOOOOOOL

    Estou a passar por maluqinha neste preciso momento em que estou a fingir que trabalho e os meus colegas não estão a perceber porque diabo me estou a ri sozinha que nem uma perdida a olhar para o PC! Mas não resisti!

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  2. Só me ocorre uma companhia para a qual um Blackberry poderá ser de uma companhia concorrente... ou estarias a referir-te à Prada?

    Quando à história dos lugares traseiros para a companhia dos consultores... não me parece.

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  3. Daqui a nada com os readers isso já não vai acontecer. E depois... e depois... se nos envolvemos com quem lê Paulo coelho?

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  4. A mim também me acontece - perder o interesse por um pormenor. Os pormenores são lixados!

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  5. paulo coelho??? por dios...
    li um livro do senhor para tentar perceber o fenómeno e no fim pensei: credo, isto não vale um peido...
    Podia estar a suceder o mesmo com a tua companheira de viagem, podia estar apenas a verificar porque raio aquilo vende que nem gingas...
    :))

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  6. A Kiss tem razao, eu própria quando me imaginei com um Kindle também me lembrei logo das piroseiras que ia ler sem que ninguém soubesse (mas nao o Paulo Coelho, odeio que me vendam fórmulas)

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  7. iac...e de que forma impressionaria o S.Dutor? se sacasse dos Lusiadas????Eu papo toda a leitura (embora Paulo Coelho) tenha deixado o alquimista a meio....tenho pena do esforço que fizeste a fingir dormir e se calhar cheio de sono...mas com medo de ressonares...e quem sabe ...de te babares...rafeirices :)

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  8. E NO REGRESSO?? APOSTAMOS NUMA MARGARIDA REBELO PINTO ?

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  9. "...fardada a rigor, saia-casaco de executiva, óculos de massa preta Prada, Blackberry, ... , o estilo não engana"
    É por essas e por outras que sou absolutamente contra as "fardas".
    As de vestir, que com as outras a malta pelo menos diverte-se.

    (Isso e dizer que a Tribo das (antigas) 07.20 PGA, OPO-LIS, em Embraers que mais pareciam camionetas de carreira, era muito mais porreira que a sua.)

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  10. Pois, mas se calhar podia ser o primeiro livro de Paulo Coelho que ela lia, ainda não tinha descoberto que não queria ler mais nada dele.

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  11. Começo a achar que o Pipoco para além de escrever bem é uma excelente dica para mandar o CV....

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  12. Se eu não soubesse que o Pipoco é muito senhor de si, diria que teve necessidade de inventar esta executiva, para contestar a teoria da Dra Quadripolaridades.
    Será que os homens não preferem mesmo as menos inteligentes?

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  13. A mim parece-me tudo muito enfadonho, desde a saia-casaco de executiva aos óculos de massa preta Prada. O livro do Paulo Coelho é apenas a cereja no topo do bolo. Muito condizente com o resto, diga-se em boa justiça.

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