Boletim do Pipoco #4

Vou ter que organizar a minha biblioteca, mais de quinze mil volumes, isto excluindo livros técnicos e incluindo primeiras edições assinadas pelo autor, até agora a organização que eu tinha era algo de que me divertia, cada vez mais acho que (quase) tudo tem potencial para me divertir (mensagem subliminar número um), forçava os autores com carências de afectividade entre si a ficar uns ao pé dos outros durante anos, Rodrigues dos Santos junto a Miguel Sousa Tavares, Saramago e Lobo Antunes, lado a lado, a Bíblia encostadinha ao Alcorão, Zezé Camarinha por cima de Margarida Rebelo Pinto, estou certo que já perceberam a mecânica da coisa.

Com a decisão da mudança do método organizacional, há um mundo de possibilidades que se colocam. Livros lidos de um lado, livros não lidos do outro, aqui há uma questão de fundo a resolver, não saberei o que fazer a Esteves Cardoso e a Sigmund Freud, autores com uma vastíssima obra semi-lida, sem lugar numa e noutra categoria.

Outra possibilidade seria colocar autores estrangeiros de um lado e portugueses do outro, mas aqui surge a questão dos africanos que escrevem como portugueses e dos portugueses que pretendem escrever como americanos.

Maneiras que o melhor é deixar como está.

(caramba, precisava mesmo de uma polemicazinha a sério para me motivar os neurónios...)