16 maio 2017

E fumava-se charuto na varanda da Quinta do Vesúvio

Passar umas horas no Comboio Presidencial, a maioria delas à conversa, enquanto me explicavam os vinhos que acompanhariam a cozinha do tipo do Feitoria, foie-gras que parece uma cereja e melão que sabe a laranja, o costume destas coisas, os nossos olhos a dizer uma coisa e o palato a dizer outra, felizmente que o vinho não sabia a outra coisa qualquer, mas, dizia eu, passar umas horas no Comboio Presidencial, encheu-me de nostalgia, o chef a explicar-me coisas importantes sobre o prato e eu a pensar em sandes de atum no Sud-Express, o sommelier a ensinar-me a arte dos blends de vinhos do Porto e eu a recordar cerveja fresca num comboio a caminho da Grécia, um mês de comboio, sete anos seguidos, a rota a depender de quem encontrava a bordo, o programa a mudar todos os dias, a liberdade de escolher se ficava um dia ou uma semana numa aldeia suiça, acordar e não saber onde iria dormir, enfim, a magia de ser um viajante, e a nostalgia que se me entranhou cérebro acima, será que ainda existe Inter-Rail?

11 comentários:

  1. eu avisei, devia ter ido inspirar jovens a fazer inter rails ou seja lá o que for que os jovens fazem hoje em dia que os torne compassivos e conectados com o que importa.

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    1. Fiz as duas coisas, Isa. Escolhi ir iluminar os jovens e desisti do Presidential mas (o alinhamento dos astros tem destas coisas) acabou por surgir uma segunda oportunidade de Presidential e ... não se recusa duas vezes uma experiência destas.

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    2. Claro que não. E contar dessa outra experiência? :)

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    3. Isa, a outra experiência faz parte das que não se conta num blog.

      (tenho a certeza que me entende)

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    4. Entendo perfeitamente. E, num dia péssimo, as suas duas respostas encheram-me o coração, só lhe digo. Há esperança para a humanidade. Grande abraço.

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    5. (eu acho o contrário :))

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  2. Existe sim. Mas acho que agora tem umas regras diferentes.

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  3. Anónimo16.5.17

    Portanto faz parte do governo.
    Só jornalistas ou pessoas ligadas ao governo podiam ir.

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    1. Isso era naquele tempo. Agora, desde que pague, qualquer um pode ir.

      (até eu...)

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  4. Cláudia Filipa16.5.17

    Pronto, lá fiquei aqui, a demorar-me.
    A primeira vez que o li a referir-se aos seus sete Inter-Rails, aconteceu-me uma, posso chamar nostalgia, mas de coisa que ficou por viver, está a acontecer novamente, exactamente a mesma coisa que me aconteceu quando vi o filme, "Antes do amanhecer", que esta sua frase me fez lembrar, "a rota a depender de quem encontrava a bordo", bolas! Esses Inter-Rails devem ter sido uma tão boa escola de mundo. Todas as pessoas que fizeram regressaram com histórias, daquelas que ficam para sempre.
    É por estas e por outras que, viver mais do que uma vez, daria tanto jeito, podia fazer uma lista, e lá estaria: "Para a próxima, sem falta, mas sem falta, fazer, pelo menos, um Inter-Rail".
    Por acaso, a partir da próxima sexta-feira, voltarei a ser viajante, por poucos dias, talvez consiga alguma proximidade com o espírito, que imagino único, de liberdade aventureira dos Inter-Rails que ficaram por fazer.
    Gostei tanto deste post.

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  5. Anónimo16.5.17

    O inter-rail devia ser obrigatório. Eu fiz e tenho memórias tão boas dessas viagens. Agora já preciso de conforto e de outras exigências muito mais caras.

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